"...Masculinidade e feminilidade nada têm a ver com reserva de propriedade de um corpo masculino ou feminino. Se somos biologicamente mulheres, o ego é feminino e, dentro de nós, carregamos nossa própria masculinidade, que Jung chama de animus. Se somos biologicamente homens, o ego é masculino e carregamos em nosso interior nossa própria feminilidade, a anima. Masculinidade e feminilidade não são uma questão de gênero, embora, historicamente, em nossa cultura ocidental sua antiga identificação como gênero ainda nos dificulte vê- las dessa maneira "liberada" . É com base nessa visão liberada da masculinidade e da feminilidade que trabalharei neste livro. É mais uma questão de diferenciação psíquica que biológica..."
"...Conforme vai amadurecendo, a pessoa se torna capaz de evitar os extremos de ambas as polaridades, de tal sorte que o pêndulo não se excita demais em seu movimento para a direita nem ricocheteia depois com estrépito para a esquerda, num ciclo incessante de ação e reação, de inflação e depressão. Em vez disso, a pessoa reconhece que esses pólos são domínio dos deuses, são extremos de preto-e-branco. Identificar-se com um ou outro só pode levar a um mergulho no oposto. A proporção entre esses pólos é de uma exatidão cruel. Quanto mais me empenho na radiosidade branca, de um lado, mais negra é a energia que inconscientemente se constela às minhas costas: quanto mais força eu faço para aperfeiçoar minha auto-imagem ideal, mais transbordamentos de conteúdos de minha privada aparecerão nos sonhos."
"...Esse é o ego diferenciado, quer masculino, quer feminino, traçando seu caminho entre vento e água. A energia masculina positiva se orienta por metas e tem a força de vontade de avançar para realizá-las. Exerce sobre si mesma a disciplina necessária a fazer seus dotes — físicos, intelectuais, espirituais — render o máximo possível, empenhando-se para conseguir harmonizá-los. Chega, às vezes, a reconhecer sua própria individualidade e, paradoxalmente, quanto mais forte, menos rígida e maisflexível se torna. Não tem de depender de padrões obsoletos de comportamento, develhos hábitos, de antigas tradições. Com confiança cada vez maior, experimenta a excitação de novos modos de se conduzir e o contínuo surgimento de novas energias. Aprende a sustentar uma tensão perfeit a entre um ponto de vista firme e a entrega às forças femininas criativas interiores. Seu poder de penetração insemina e libera a criatividade do feminino."
Trecho de "O Vício da Perfeição" - Marion Woodman
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